quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS


Conceitos sobre palavras primitivas e derivadas e palavras simples e compostas:



PALAVRAS PRIMITIVAS – palavras que não são formadas a partir de outras.



Exemplo: pedra, casa, paz, etc.



PALAVRAS DERIVADAS
– palavras que são formadas a partir de outras já existentes.



Exemplo: pedrada (derivada de pedra), ferreiro (derivada de ferro).



PALAVRAS SIMPLES
– são aquelas que possuem apenas um radical.



Exemplo: cidade, casa, pedra.



PALAVRAS COMPOSTAS
- são palavras que apresentam dois ou mais radicais.



Exemplo: pé-de-moleque, pernilongo, guarda-chuva.



Na língua portuguesa existem dois processos de formação de novas palavras: derivação e composição.


DERIVAÇÃO



É o processo pelo qual palavras novas (derivadas) são formadas a partir de outras que já existem (primitivas). Podem ocorrer das seguintes maneiras:



Prefixal;


Sufixal;


Parassintética;


Regressiva;

Imprópria.



PREFIXAL
– processo de derivação pelo qual é acrescido um prefixo a um radical.



Exemplo: desfazer, inútil.

SUFIXAL – processo de derivação pelo qual é acrescido um sufixo a um radical.


Exemplo: carrinho, livraria.


PARASSINTÉTICA
– processo de derivação pelo qual é acrescido um prefixo e sufixo simultaneamente ao radical.



Exemplo: anoitecer, pernoitar.



OBSERVAÇÃO : Existem palavras que apresentam prefixo e sufixo, mas não são formadas por parassíntese. Para que ocorra a parassíntese é necessários que o prefixo e o sufixo juntem-se ao radical ao mesmo tempo. Para verificar tal derivação basta retirar o prefixo ou o sufixo da palavra. Se a palavra deixar de ter sentido, então ela foi formada por derivação parassintética. Caso a palavra continue a ter sentido, mesmo com a retirada do prefixo ou do sufixo, ela terá sido formada por derivação prefixal e sufixal.



REGRESSIVA - processo de derivação em que são formados substantivos a partir de verbos.



Exemplo: Ninguém justificou o atraso. (do verbo atrasar)

O debate foi longo. (do verbo debater)



IMPRÓPRIA
- processo de derivação que consiste na mudança de classe gramatical da palavra sem que sua forma se altere.



Exemplo: O jantar estava ótimo


COMPOSIÇÃO



É o processo pelo qual a palavra é formada pela junção de dois ou mais radicais. A composição pode ocorrer de duas formas:



JUSTAPOSIÇÃO e AGLUTINAÇÃO




JUSTAPOSIÇÃO
– quando não há alteração nas palavras e continua a serem faladas (escritas) da mesma forma como eram antes da composição.



Exemplo: girassol (gira + sol), pé-de-moleque (pé + de + moleque)



AGLUTINAÇÃO
– quando há alteração em pelo menos uma das palavras seja na grafia ou na pronúncia.



Exemplo: planalto (plano + alto)



Além da derivação e da composição existem outros tipos de formação de palavras que são hibridismo, abreviação e onomatopéia.


ABREVIAÇÃO OU REDUÇÃO




É a forma reduzida apresentada por algumas palavras:



Exemplo: auto (automóvel), quilo (quilograma), moto (motocicleta).


HIBRIDISMO



É a formação de palavras a partir da junção de elementos de idiomas diferentes.



Exemplo: automóvel (auto – grego + móvel – latim), burocracia (buro – francês + cracia – grego).


ONOMATOPÉIA




Consiste na criação de palavras através da tentativa de imitar vozes ou sons da natureza.



Exemplo: fonfom, cocoricó, tique-taque, boom!.



OBS: A estrutura das palavras contém o radical (elemento estrutural básico), afixos (elementos que se juntam ao radical para formação de novas palavras – PREFIXO e SUFIXO), as desinências (nominais – indicam gênero e número e verbais – indicam pessoa, modo, tempo e número dos verbos), a vogal temática (que indicam a conjugação do verbo – a, e, i) e o tema que é a junção do radical com a vogal temática. Já no processo de formação das palavras temos a derivação, subdividida em prefixal, sufixal, parassíntese, regressiva e imprópria e a composição que se subdivide em justaposição e aglutinação. Além desses dois processos temos o hibridismo, a onomatopéia e a abreviação como processos secundários na formação das palavras.

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Conceitos básicos:

Observe as seguintes palavras:

escol-a
escol-ar
escol-arização
escol-arizar
sub-escol-arização

Observando-as, percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do elemento destacável -ar.

Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos, podemos depreender a existência de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.

Classificação dos morfemas:

Radical

Há um morfema comum a todas as palavras que estamos analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que faz com que as consideremos palavras de uma mesma família de significação – os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua significação principal.

Afixos


Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas sub- e –arização à forma escol- criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com sub-, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como –arização, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos. Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe gramatical, são capazes de introduzir modificações de significado no radical a que são acrescentados.

Desinências


Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).

Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinências nominais e desinências verbais.

• Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as desinências -o/-a:
garoto/garota; menino/menina

Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):




cant-á-va-mos


cant-á-sse-is

cant: radical


cant:
radical

-á-: vogal temática


-á-: vogal temática

-va-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo)


-sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo)

-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira pessoa do plural)


-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural)



Vogal temática

Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais, surge sempre o morfema –a.
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.

• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática.

• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação.




primeira conjugação


segunda conjugação


terceira conjugação

govern-a-va


estabelec-e-sse


defin-i-ra

atac-a-va


cr-e-ra


imped-i-sse

realiz-a-sse


mex-e-rá


ag-i-mos



Vogal ou consoante de ligação


As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, tricota.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola